sábado, 14 de julho de 2012

Roland Emmerich, o mensageiro do Apocalipse

Augusta Silveira

O roteirista, produtor e diretor de cinema Roland Emmerich é, sem dúvida, um bom observador. À parte de seus projetos pouco aclamados pela crítica como a refilmagem de “Godzilla” (1998) e o bizarro “Maldita Aranhas!” (2002), o diretor trouxe para o cinema hollywoodiano alguns blockbusters notáveis como “O Patriota” (2000) e “Independence Day” (1996). O que intriga, porém, é o olho clínico de Emmerich que, abusando dos efeitos especiais e dos heroísmos, sabe mostrar aquilo que o público quer (e quando ele quer). Embora isso leve seus filmes a um massacre de críticas nada encorajadoras, os números de bilheteria mostram que o público ainda vai ao cinema para ver desastres naturais e explosões gigantescas.
É em meio a esses cataclismos sucessivos que se desenvolvem as tramas das ficções apocalípticas de Emmerich: “Independence Day” (1996), “O Dia Depois de Amanhã” (2004) e “2012” (2009).


Em “Independence Day” (1996), o fim do mundo é fruto de uma gigantesca invasão alien que começa no dia dois de julho e termina no dia quatro. Coincidentemente, o fim da ocupação se dá no dia da Independência americana, conferindo um caráter patriótico e heroico aos sacrifícios dos personagens na luta pela sobrevivência. Apesar de a invasão ser mundial, com naves cobrindo os céus das metrópoles internacionais mais famosas, o comando da resistência e, mais tarde, da revanche é, naturalmente, americano. A ação começa em Los Angeles, Washington e Nova York para então convergir no deserto de Nevada, na famosa Área 51 (especula-se que seja uma base de estudos extraterrestres, e assim é retratada no filme), onde os protagonistas se encontram para organizar a ofensiva que acaba por salvar a humanidade.
Os clichês são uma presença constante, assim como em todos os blockbusters de ação. A emblemática explosão da Casa Branca pelos alienígenas é só um exemplo de como Emmerich abusa do visual em seus trabalhos, traço que se acentua ao longo de sua trajetória como diretor. O herói carismático também é essencial para a trama, um piloto decidido a salvar sua família e lutar por sua pátria, interpretado pelo ator Will Smith. Além disso, o “cientista maluco” da Área 51 e o personagem do jornalista estudioso que descobre um meio de destruir a nave alienígena completam a lista de lugares comuns do filme (e de muitos outros do gênero).


A questão dos Estados Unidos como grande força agregadora para o sucesso da expulsão dos aliens é explorada à exaustão, com elementos simples como a aliança entre o Exército, Aeronáutica e governo americano, enfatizando sua organização e poderio militar que guiaram outras nações rumo à ofensiva vitoriosa. Outro elemento é o presidente americano, que no filme se mostra sempre patriótico e o espírito motivador da última batalha contra os alienígenas, usando a data da vitória ainda por vir como “a segunda independência americana”, que dá título ao filme.
            Obviamente, o apocalipse alien de Emmerich não se concretiza, mas deixa um rastro de destruição. O quatro de julho passa a ter o duplo significado proposto pelo presidente no discurso final, a Independência americana e libertação do curto domínio alienígena que, por dois dias, assustou o mundo com a ameaça da destruição geral.

Augusta Silveira é graduanda em História na UFRGS

Nenhum comentário:

Postar um comentário